terça-feira, 19 de janeiro de 2010

Bandeira da Luta

Povo que lutais
não tenhais
medo da morte.
No desbravar da sorte
a morte enfrentar de frente,
sem deixar de lutar.
Contra o egoísmo desbravamos caminhos
entre escombros escondidos, sopram ventos despidos...
Homens e mulheres de punho cerrado, braço levantado
unidos até ao fim... Povo brando lutai...
Povo que lutais contra ao oportunismo
mantereis punho erguido,na defesa de trabalho digno...
Levantemos nossas vozes pelos oprimidos, sem emprego,
sem-abrigo e fome. Juntos façamos frente pela justeza e igualdade.
Povo meu lutai
contra o capitalismo,
sempre que foi perseguido,
espezinhado, encurralado, mal-tratado e abatido...
sem que outros camaradas,
nunca aos outros tenham traído...
Não devemos de deixar de lutar, para pão
ter a nossos filhos dar!
Ouvis nosso grito de revolta,
nos campos, nas fábricas, em todo o lado,
valente povo lutar...
Martelo e foice erguer, com trabalho conquistar,
estrela, lá bem no alto a todos iluminar.
Povo na terra lutar, cerrar punho, braço no ar colocar.
Porque a luta... Essa, nunca ade terminar...

Janeiro 2010 Melo

segunda-feira, 18 de janeiro de 2010

RENDIÇÃO

Vem, camarada, vem
render-me neste sonho de beleza!
Vem olhar doutro modo a natureza
e cantá-la também.
Ergue o teu coração como ninguém;
Fala doutro luar, doutra pureza;
Tens outra humanidade, outra certeza:
Leva a chama da vida mais além!
Até onde podia, caminhei.
Vi a lama da terra que pisei,
e cobri-a de versos e de espanto.
Mas, se o facho é maior na tua mão,
vem camarada irmão,
erguer sobre os meus versos o teu canto.

Miguel Torga

domingo, 17 de janeiro de 2010

A Liopoldina da Guia

Abril 2006


Foste mulher a valer
Por Alcochete cantou,
Teus fados encantou,
Alguns dos quais gravou.

Cantas-te e encantas-te multidões
Para sempre recordados,
Muitos dos quais gravas-te,
Que Alcochete adoptou.

Passo dobles fenomenais
Como sempre acompanhados,
Homens de branco fardados,
Para sempre recordados.

A Alcochete brindou
Sempre por onde passou,
Um dia homenageou,
Para sempre teu nome recordar.

Foste esposa, mãe, mulher e fado
Foste encanto em todo o lado,
Um dia,
Alcochete por ti chorou.

Para sempre recordada
Mulher de pura valentia,
No dia da partida,
Alcochete te acompanhou.

Dos milhares que se despediram
Com tristeza no rosto,
Até à ultima morada,
Para sempre, o nosso muito obrigado!

Leopoldina da Guia
Para sempre ficarás,
Nos nossos corações,
Como Deus em nossa vida…



spartacus

SPARTACUS

Em cada hora
Em cada dia
Século após século
os homens arremessam o teu nome ao ventoe dele saem dardos, punhais, espadas
e dele saem pombas e flores ensanguentadas
De cada letra um filho
De cada som um eco
Teu nome-profecia
Teu nome vinho-novo
que ao terceiro dia há-de ressuscitar
nas veias do meu povo
Teu nome
que mil vezes tem sido agrilhoado
Teu nome sangue-mel
nos lábios do carrasco uma esponja de fel
Teu nome-escravo
Teu nome-espectro
fantasma de terror na noite de algozes
temido como as vozes que clamam no deserto
Teu nome-salmo
escrito em cada corpo morto
em cada cruz erguida
Teu nome-espiga
que se transforma em pão
Teu nome-pedrada construção do mundo
que será o fruto do teu gesto
Teu nome
em cada gesto do esvoaçar das asas
da gaivota presa
Teu nome
vela-acesa na catedral da esperança
do altar-homem
Teu nome
em cada grito
em cada mão
Teu nome-sinfonia
que há-de explodir com a alegria
de um átomo liberto
Spartacus!
Teu nome-irmão.

In “As Mãos e o Gesto”Editorial Escritor

Poema de Maria Eugénia Cunhal